Só conheci o meu avô materno nos últimos anos da sua vida.
Recordo-o com muito afecto e admiração. Com a idade de aproximadamente noventa
anos, encontrou-se subitamente cego. Isso foi um golpe muitíssimo duro dado que
a sua paixão era a leitura. Assinava dois ou três jornais, mas gostava
especialmente de ler “O Lavrador”, um
jornal sobre Agricultura. A sua secção preferida era “Correspondência” onde os
leitores escreviam cartas para o jornal com variadas perguntas sobre detalhes
da vida agrícola. Depois de perder a vista, ele sempre pedia ao meu irmão
Carlos – e mesmo a mim que tinha cerca de oito anos – para ler essa parte do
jornal primeiro.
Fica aqui um poema que ele escreveu e de que eu nunca me
esquecerei.
Descanse em paz, Avô.
Julio Filipe Rodrigues